Héctor Julio Páride Bernabó, conhecido como Carybé, nasceu em 7 de fevereiro de 1911, em Lanús, subúrbio de Buenos Aires, Argentina. Ainda criança, mudou-se com a família para o Brasil, estabelecendo-se no Rio de Janeiro, onde recebeu o apelido "Carybé" durante o escotismo, nome que adotaria definitivamente como assinatura artística.

Iniciou a carreira como ilustrador e jornalista, colaborando com jornais e editoras, e logo expandiu sua atuação para pintura, gravura, cerâmica e murais. Foi também ilustrador de obras literárias importantes, como Macunaíma de Mário de Andrade, além de livros de Jorge Amado e Gabriel García Márquez, estabelecendo um diálogo único entre literatura e artes visuais.

Em 1950, fixou residência em Salvador, Bahia, cidade que se tornaria sua principal fonte de inspiração. Na capital baiana, aprofundou sua relação com a cultura popular e afro-brasileira, participando ativamente de rituais e tradições do candomblé. Essa vivência resultou em obras icônicas, como os célebres painéis dos Orixás em madeira de cedro para o Banco da Bahia (1968), hoje abrigados no Museu Afro-Brasileiro.

Carybé produziu murais monumentais no Brasil e no exterior, incluindo trabalhos no Aeroporto Internacional de Miami e em edifícios de Nova York. Suas obras foram expostas em diversas cidades ao redor do mundo, como Lisboa, Tóquio e Filadélfia. Sua arte se destacou pela riqueza cromática, pela síntese entre modernidade e tradição e pela profunda imersão nos elementos culturais da Bahia.

Recebeu reconhecimentos importantes, como o título honorífico de Obá de Xangô (no Ilê Axé Opô Afonjá) e o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia, em 1982.

Carybé faleceu em Salvador em 2 de outubro de 1997, no próprio terreiro do Ilê Axé Opô Afonjá, deixando um legado que o consagra como um dos maiores intérpretes da cultura brasileira. Sua obra integra acervos de instituições como o Museu Afro-Brasileiro, o MASP, o MAM, o MoMA (Nova York) e diversas coleções internacionais.